sexta-feira, 6 de julho de 2012

Lendas do Rock: Redescobrindo Pink

     Uau... Realmente faz muito tempo que não posto nada no blog. Nem eu nem ninguém. Digamos que eu estava em um "momento de geração de ideias". Claro, não foi bem isso, mas vamos dizer que durante esses meses trabalhei bastante minha criatividade, e uma coisa que ajudou bastante foi ouvir uma banda underground inglesa de 1965, não sei se já ouviram falar, denominada Pink Floyd. Tal lenda do psicodelismo mundial trabalhou diversas questões em suas músicas e tranformava seus álbuns em livros de história, ou melhor, em filmes (aí vai uma dica pra quem nunca assistiu The Wall, adaptação cinematográfica do álbum homônimo do Pink Floyd).

     Um dos temas mais trabalhados nas letras do Pink Floyd era com certeza o ser humano em suas diversas faces e comparações. Compararam-lhe com animais, criticaram sua ganância e suas atitudes inconsequentes, construíram-lhe um muro. E tal muro foi representado pelos medos e barreiras de um personagem, Pink. A questão que muitas vezes apareceu foi: afinal, quem é Pink?

     Em The Wall, Pink é um astro do rock que, após várias decepções em sua vida desde a infância quando perde o pai na Segunda Guerra Mundial, a humilhação na escola pelos professores e a superporteção da mãe até a fase adulta quando seu casamento tem um fim, acaba construindo um muro psicológico entre ele e o público, colocando-o numa situação de completo isolamento e abandono.

     Bom, toda essa história veio de uma mente e se inspira em alguém. E tal pessoa seria ninguém menos que o letrista, baixista e vocalista Roger Waters. E sim, o Pink é um retrato dele. Após incidentes em que teve um mal envolvimento com o público em 1977 durante a In The Flesh Tour, ele entra num conflito psicológico no qual deseja construir um muro entre ele e os espectadores. E por que não aproveitar tal momento insalubre em benefício próprio? Então, aproveitando o momento propício, ele usou tais desejos como fontes de criação para um álbum novo e instiganste, conceitual, que contava a história de Pink.

     Mas a reposta não seria tão óbvia assim. Pink é o Roger Waters? Não exatamente. Imaginemos assim: todos passamos por experiências bem parecidas em nossas vidas, e o que acontece a um pode acontecer a outros. Pink não é somente um retrato do Waters que se afundava nas drogas e em seu passado para fugir de seu presente. Pink é a representação de cada um de nós. O muro de Pink, construído pela morte do pai, humilhação dos professores, superproteção da mãe, separação da mulher e consumo de drogas, pode ser muito bem o muro de José, construído pela doença do filho, abandono pelos pais, mal-trato de seus pais adotivos e decepções amorosas. Todos temos um Pink dentro de nós. Todos temos uma parte nossa que quer se isolar do mundo. Todos somos seres, mesmo que parcialmente ou remotamente, anti-sociais. Queremos nos distanciar de quem não gostamos, de quem temos raiva, ou então queremos sumir quando estamos com raiva de tudo e de todos. E aí construímos nossos muros psicológicos, seja nos enfiando em nossos quartos ouvindo música alta, seja enchendo a cara num bar de esquina. O que importa é que ninguém deixa de passar por isso. E se alguém confirma o contrário, ou ela não viveu o bastante para tal experiência, ou ela não está sendo sincera consigo mesma. Afinal, não há nada de errado em ter um Pink dentro de nós. Isso não nos faz piores. Só nos faz humanos.

P.S.: Pra quem não conhece, ficam aqui dois vídeos do filme The Wall com as músicas do álbum homônimo:



E para os curiosos em assistir a obra cinematográfica completa, estou aqui exibindo o filme completo:



"O medo contrói muros."

JL

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